domingo, 3 de outubro de 2010

Economia, pra 'descansar' de política

Esses dias estão sendo abarrotados de política. Hoje vimos o 2º de presidente, só o 1º de governador de SP e Tiririca como o Deputado mais votado do Brasil. Não vou aqui tentar entender isso, acho que precisamos de um pouco mais de tempo para digerir tudo. Então, depois de uma semana da Capitalização da Petrobrás, postarei sobre algo que colocou, e muito bem, o Brasil no cenário econômico mundial, mais uma vez.


A venda de papéis de uma empresa é conhecida, também, por capitalização. Uma empresa pode fazer isso pela primeira vez no mercado, realizando um IPO, ou mais de uma vez, como fez a Petrobras neste segundo semestre de 2010. Na segunda-feira, 27/09/2010, começaram a ser negociadas novas ações da empresa petroleira – brasileira de capital misto. É importante ressaltar este nome por extenso porque ele estará presente no que se segue.
Segundo dados divulgados pela BOVESPA, somente no primeiro dia de negociações, quase 78 milhões de títulos Petr, entre ON’s e PN’s, foram negociados. Para Jairo Silva, economista que trabalha na Bolsa de Valores de São Paulo, “esse movimento de liquidez extraordinário mostrou o sucesso que foi a capitalização da empresa [...] se este movimento fantástico de liquidez continuar nos próximos 3 meses não tenho dúvidas de que a sua participação na composição da carteira teórica do IBOVESPA, aumentará consideravelmente.” Ele ainda acredita que, mantidas as expectativas, a Petrobrás tende a ultrapassar Vale do Rio Doce na representatividade das movimentações de títulos da Bolsa – o novo balanço, que sai a cada quatro meses, acontecerá em janeiro de 2011.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, com valor de mercado alçado para US$ 270 bilhões, a estatal brasileira se transforma na segunda maior petroleira do mundo, atrás apenas da americana Exxon (US$ US$ 313 bilhões) e à frente da Petro China (US$ 266 bilhões). Alguns fatores foram importantes para que isso se sucedesse. Dentre eles: a forte adesão à capitalização de fundos de pensões, como o do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e, também, da própria Petrobrás; superação da desconfiança em cima de um negócio de risco [Pré-sal], já que o efeito do derramamento de petróleo no Golfo do México ainda é vivo; a ampla participação de contribuintes físicos a partir do FGTS e a pesada participação do governo, que ganhou ainda mais força no controle da empresa. Como dito no início, essa é uma empresa de capital misto, ou seja, há investidores nacionais e internacionais, da iniciativa privada e pública. Um bom exemplo disso é o fato dessa capitalização ter tido o start não no Brasil, mas nos Estados Unidos, na sexta-feira 24/09/2010. Segundo Jairo Silva, isso não influenciou em nada nas negociações realizadas aqui no Brasil, já que a Lei de Mercado, mesmo assim, prevalece, não houve um privilegiado ou beneficiado diretamente por esse cronograma. Foi apenas uma decisão interna da própria Petrobrás comunicada posteriormente à CVM – Comissão de Valor Mobiliário.
O momento é favorável para investimentos. Os títulos da Petrobrás tiveram uma queda de 27% em relação ao final de 2009. Em 30/12/2009 as ações valiam R$36,69 e na segunda-feira estavam em R$26,50. Esse foi um grande incentivo para que grandes investidores, mesmo que com o medo já referido anteriormente – de investir em negócios trabalhados em águas profundas, com vistas em petróleo, dado o caso do Golfo do México – não refreassem as negociações. Além disso, é importante ressaltar o momento também favorável para os pequenos investidores, que têm, nos baixos valores das ações, a possibilidade de investir com mais segurança.
Mas o que isso significa para a empresa? De acordo com relatórios dados pela empresa, a taxa de endividamento chegou, no segundo trimestre deste ano, aos 34% do patrimônio líquido dela. O ‘investment grade’ – taxa aceitável para que uma empresa seja considerada confiável para investimentos – é de 35%. Para Danilo Chimara, corretor da IBOVESPA que trabalha na JJ Investimentos, o grande risco  para a Petrobras era o de “não conseguir encaixar todas as ações na operação, ou seja, não conseguir negociar todos os títulos disponibilizados nessa capitalização. Entretanto, como visto, a operação foi um sucesso.” E completa: “para a empresa foi excelente, porque ela conseguiu capitalizar o dinheiro suficiente para os investimentos dos próximos anos e também diminuir sua dívida para patamares aceitáveis para o mercado, e assim, com todo esse dinheiro, vai ter condições de crescer ainda mais.” Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), reforça dizendo que “os objetivos da capitalização são viabilizar os investimentos da Petrobras nos próximos cinco anos e aumentar a participação acionária do governo na empresa (ver link) [...] Sem a capitalização, a captação de novos empréstimos comprometeria esta política [de crescimento nos próximos anos]”
Com tudo isso, hoje a Petrobrás é a quarta maior empresa do mundo, a segunda no ramo petrolífero e a Bolsa de Valores de São Paulo alcançou o status de 2ª maior Bolsa do mundo, segundo o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto. O valor de mercado atingiu 30,4 bilhões de reais, superando as Bolsas de Nova Iorque, Nasdaq e Londres, ficando atrás somente da de Hong Kong.

Sem comentários:

Enviar um comentário